Novos desafios para a União Européia
Resultado de uma longa evolução de organizações econômicas supranacionais, a União Europeia foi gradativamente ampliando seu quadro de integrantes. Seus 15 países-membros mais antigos são Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda (Países Baixos), Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Dinamarca, Reino Unido e Suécia. Desses, apenas os três últimos preferiram manter suas moedas nacionais e não adotaram o euro em 1o de janeiro de 2002, quando entrou em circulação a moeda única do bloco.
Em 1o de maio de 2004, a União Europeia contou com sua maior expansão de uma única vez – dez novos membros foram oficialmente admitidos, sendo oito oriundos do antigo regime socialista. Com o ingresso da Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Eslovênia, além das ilhas de Malta e Chipre, pôs-se fim à tradicional divisão do continente em Ocidental e Oriental.
Os novos países-membros apresentam um nível de desenvolvimento inferior aos demais, infraestrutura bastante defasada e atraso tecnológico. Comparativamente, sua contribuição ao bloco será menor que os investimentos que deverão receber, como subsídios agrícolas e ajuda econômica para promover seu desenvolvimento. Esses países terão acesso a todos os benefícios oferecidos pela organização de maneira lenta e gradual. Por enquanto, a circulação de pessoas desses para os antigos países do bloco não será totalmente livre, e a adoção do euro dependerá do cumprimento de uma série de critérios econômicos, entre eles controle de inflação, disciplina fiscal e redefinição do tamanho da dívida pública.
Apesar da rigidez desses critérios, em 1o de janeiro de 2007 a Eslovênia conseguiu adentrar a zona do euro, tornando-se o 13o país do bloco a adotar a moeda única. No mesmo dia em que ocorria esse fato, a União Europeia também abria suas portas para dois novos membros: Romênia e Bulgária. Com a entrada desses dois países ex-comunistas – que estão entre os mais pobres da Europa –, a organização conta agora com 27 membros. Os mais recentes integrantes representam juntos menos de 1% do PIB do bloco, e sua adesão vem acompanhada das mais rigorosas condições já impostas a candidatos à União Europeia.
Dentre as reformas estruturais que eles devem implementar, estão o combate à corrupção e ao crime organizado, mais transparência e eficiência do Poder Judiciário e a adoção de regras de segurança alimentar para produtos pecuários, por causa da falta de controle sobre a doença da vaca louca. A cada seis meses, os dois países deverão prestar contas dos avanços obtidos e, se os esforços não forem considerados suficientes, eles poderão ser penalizados.
As diferenças econômicas e sociais entre os antigos e novos membros da União Europeia são muito grandes. Reduzir essas diferenças e equilibrar os interesses e as possibilidades de seus participantes são os grandes desafios a serem enfrentados pela organização.
Organizações na Europa
(...) Em 1951, surgia a Ceca (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço),
formada por seis países (Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Holanda
e Luxemburgo) com o objetivo de comercializar livremente carvão e aço, fato
que contribuiria para a expansão econômica e a superação dos problemas sociais
que surgiram durante e após a grande guerra. Em 1957, os mesmos seis
países resolveram ampliar suas relações comerciais. Por meio do tratado de
Roma, criaram a Comunidade Econômica Europeia (CEE), também chamada
por alguns de Mercado Comum Europeu (MCE), estabelecendo com o acordo
uma diminuição das taxas alfandegárias de vários produtos comerciais.
Gradativamente a comunidade foi recebendo novos integrantes, atraídos pelas
vantagens econômicas que o bloco oferecia. Um passo decisivo foi tomado
em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht, que ampliou ainda mais
as ligações entre os membros ao estabelecer, entre outras coisas, as “quatro
liberdades” (livre passagem de pessoas, bens, capitais e mercadorias) e a
criação de uma moeda única, denominada euro. Com o novo tratado, a organização
também modificava seu nome, passando a chamar definitivamente União Europeia (UE). (...)
Vagner Augusto da Silva. União Europeia: mais parceiros, novos desafios. Discutindo a Geografia.
São Paulo, Escala Educacional, ano 1, n.1, jul. de 2004.
Atualizado em 2010.